O malfazejo é não lutar!

Perto dali. Maria José conversa longamente com Efigênia e Isabel.

- É sina de mulher, se conforma!
- Ora Zezé – era assim que Efigênia chamava Maria José – seu marido é um louco e quer levar todos para sua canoa furada. Ontem mesmo, quando vinha da feira ouvi risinho a dizer “Lá vai os garimpeiros”. Tenho vontade de morrer.
- Efigênia tem razão – disse Isabel – não tem um dia que eu não choro. Não durmo mais na mesma cama que Nonato. Ele parece de pedra. Fica lá me olhando... Me olhando...tenho vontade de bater nele até sair sangue.
- Acontece que eles vão de qualquer jeito. Agora, vocês podem escolher.
- Como se fosse fácil – Efigênia.
- Gostar, eu não gosto, mas às vezes penso, que se meus pais não tivessem vindo para cá, talvez eu nem estivesse viva.
- Ora, não diga isto! – falou Isabel
- É a verdade. Era uma seca, uma falta do que comer, do que fazer. Lembro de ficar horas observando o tempo a ondula diante de mim. Aquilo não era vida! Agora temos casa, comida e para Amariano falta alguma coisa.
- Falta cabeça – gritou Efigênia
- Dignidade. Pensa que não sei. Eu também sinto este cheiro que emana de mim, um gosto de coisa estragada. Não sou mulher de duas caras, tenho vontade de vestido novo, sapato, perfume, bife bom na mesa. Não é vergonha desejar o melhor. O malfazejo é não lutar.
Retornaram ao trançado cada qual com seu pensamento, porém alguma coisa havia mudado.

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