O problema é a forma que pensamos!


Bianca rememorou tudo que havia ouvido naquele dia. As palavras grosseiras, os gestos de ódio. Não entendia porque as aparências mexiam tanto com as pessoas. Ela ainda era a mesma menina que andava de bicicleta, mas bastou colocar um batom vermelho, um shortinho curto, salto alto e uma bolsa roubada de sua mãe, não precisou dizer palavras, para que os homens a devorassem com os olhos, como se pudessem despi-la de uma forma brutal e rude.  Sentia o rosto arder ao reviver as obscenidades que ouviu. Porém nenhuma dor foi maior do que quando sua mãe disse “Se você anda na rua como uma prostituta, quem vai te respeitar. Se você for violentada, o estuprador terá todo o direito, afinal você está procurando”. Bianca pensa “eu não sou só uma roupa, eu tenho sentimentos, tenho princípios.” Não entende porque na televisão tem tanta gente vestindo assim. Porque nos outdoors tem tanta foto de mulheres mostrando tudo, revistas, jornais, tudo é só mulher seminua! Até prá vender pasta de dente. Agora me dizem que assim elas podem ser violentadas. Será que elas querem ser violentadas e se vestem assim? Talvez elas já estejam sendo violentadas!! Pensou com horror Bianca. Mas afinal o que são os homens? Feras incapazes de conter seus desejos? Bianca acredita que sua mãe pensa que sim, mas ela já estudou os índios e sabe que mesmo despido ninguém agarra ninguém a força. Então de onde virá este comportamento? Bianca pensou por horas e de repente sentiu que sabia a resposta – “O problema é a forma que pensamos, não é minha roupa que está errada, é o pensamento do conjunto de todas as pessoas, que  vão reproduzindo coisas, sem perceber.” Bianca sorriu, subiu em sua bicicleta e foi para casa.

Essa é a minha participação na 19ª edição sentidos do Projeto Suas Palavras com o mote: O problema é a forma que pensamos

Comentários

  1. sob a luz da sombra vamos indo...

    beijao

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  2. Elisabeth,que belo conto!Simples e abordando um tema tão atual e polemico!Gostei muito!Bjs,

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  3. Você se expressou divinamente. A mídia leva as garotas a ver, como natural e rotineiro, um estilo de vida que, na realidade, vai incitar pensamentos totalmente diversos dos quais levam essas jovens ao compoprtamento adotado. Elas não são a imagem que vendem... o problema está no pensamento de quem as vê, assim. Voltamos ao velho ditado: O HÁBITO NÃO FAZ O MONGE.

    Bjs.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Elisabeth,
    Obrigado por brindar-nos com esse excelente texto. É perfeito para que reflitamos sobre nossa sociedade e sobre como nos comportamos frente aos nossos semelhantes. Parabéns e obrigado pela visita ao meu blogue, JAIR.

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  6. Boa noite amiga
    Vim agradecer a sua visita lá no meu cantinho!
    Seja sempre muito bem vinda ao meu magico do coração!
    tenha uma linda semana!
    abraço amigo
    Maria Alice

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  7. E que bela participação, parabéns pelo texto. Olá Elizabeth vi tuas pegadas em minha Ilha e aqui vim, já estou a te seguir, aproveito para te convidar a participar de uma festa quinta feira, dia 1º na Ilha, passa lá e pega o convite ok? beijos no coração!

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  8. Oi Elizabeth, tudo bem? Gostei do seu conto.
    Infelizmente vivemos em uma sociedade hipócrita, onde no carnaval, todos andam com os seus "balangandãs" desnudos e tudo é permitido. Acabou o carnaval, as pessoas vestem suas máscaras da moral e dos bons costumes. Elas desfilam feito santas julgando este e aquele, seja pela indumentária, ou pelas ações que elas julgam "imorais". Acredito que o hábito faz o monge, mas mais que a roupa, são as atitudes que contam. Tem gente por aí, de saia comprida e blusa comportada, que vai à igreja toda semana, que faz coisas piores que aquelas moças que ganham a vida nas esquinas de Copacabana!
    Um grande beijo,
    Juli

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  9. Um conto que merece uma boa reflexão.Tenho
    um blogue http://sinfoniaesol.wordpress.com
    onde insiro poesias cedidas, com os devidos
    créditos.Gostaria de ter uma sua, se o permitir
    (teria mtº. gosto) basta deixar um comentário.
    Um bj./Irene

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  10. Como se a mulher só tivesse corpo e este não fosse uma linguagem própria de sua personalidade, mas de musas de propaganda de biquinis. Acho que os homens amadurecem, mas a cultura é para incutar-lhes vícios de ver e olhar e não se relacionar com o outro(a).

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