MOÇAS DE FAMÍLIA
Felipe observa a
pequena cidade de Goiás, cercada de montanhas e construída em solo colonial. A
cidade tem de encanto os casarios, cujos quintais terminam em córregos de água
fresca.
Antigamente nos salões passeavam os herdeiros da riqueza, sustentada
pela exploração do ouro. Falando tanto o francês quanto o português. As igrejas
construídas por escravos ostentam imagens barrocas pintadas a ouro, obra do
escultor Veiga Valle.
Em
outras épocas o luxo dos livros e das
sedas importadas convivia com a desesperança. Nas primeiras décadas do século
XX, já não se construía mais do que uma casa por ano, e nas noites de luar, o
lirismo das serenatas era pontuado pelos gemidos da febre, provocada pelo
esgoto que corria a céu aberto.
Felipe
olhou para o alto. A noite brilhava sem estrelas. Uma enorme lua cheia
clarificando o que a escuridão não poderia esconder. O vento sopra ao longe.
Paira no ar uma estranha sensação de vaso quebrado.
O
chão tem vontade própria. A rua torna-se longa, indo de um lado ao outro Felipe
balanceia. Apóia-se em Manelão.
Caminhando
nas passadas da incerteza, escorrega como pião na mão de criança.
Na
face à angústia que desfigura a alma. Nunca havia bebido tanto, mas a lembrança
de Bianca não o abandona. Está irritado, chateado com ela. Afinal porque aquele
contratempo? Eles estavam tão bem. “Não preciso falar de amor, nem mentir.” pensou Felipe. "Não
nego que às vezes minto. Minto despreocupadamente. Compreendo que é necessário.
Elas me ouvem e sabem que minto. Não tem como não saber. Como odeio essas
garotas ridículas. agoniza Felipe. "Sempre tão carentes, querendo ouvir
palavras. Fingindo que acreditam. Sei que elas me desejaram tanto quanto eu, mas
precisam se enganar, afinal são moças de família."
Esta sua nova história me fez viajar por conceitos e lugares guardados n'alma.
ResponderExcluirUm abraço, Betinha que eu adoro!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirUma história bem verdadeira!
ResponderExcluirA verdade está sempre salpicada por alguns laivos de mentira, ainda que às vezes de forma inocente!
Beijinhos,