A vivacidade das inovações e o peso da tradição



               No horizonte político de Goiás as trombetas anunciam novas eleições. Quem subirá ao pódio da vitória? Os que gritam inovações e realmente são novos na administração do bem público ou a tradição, que já parece conhecer o caminho, tantas vezes percorrido e que se mantêm obstinadamente depois de tantos erros, tantos esquecimentos, tantas novidades, tantas metamorfoses, que às vezes a identidade do político parece sofrer mutações imemoriais.
                Para pensar acerca de um assunto tão complexo e importante para nossa sociedade é preciso fazer a pergunta: Qual a relação entre o que o candidato diz e sua prática política? O discurso é constituído pela diferença entre o que se poderia dizer corretamente numa época, segundo as regras da gramática e as da lógica, e o que é dito efetivamente.
                Por exemplo, o discurso do candidato a prefeito Waldir Soares, cuja pauta de campanha é a segurança pública, conforme noticiado no Jornal O Popular no último sábado (20), apresenta falhas de lógica, se por um lado a competência do prefeito é cuidar do patrimônio público e do bem-estar da sociedade, por outro lado nossa constituição não destina, nem aloca recursos financeiros para a segurança pública no âmbito municipal. 
               Assim, se o candidato Waldir for eleito; e se ele resolver cumprir com as promessas de campanha; logicamente terá que desviar recursos de outras áreas essências, tais como a merenda escolar, a coleta de lixo etc.  ou  será que subirá ainda mais os impostos?
                Os municípios não são legalmente responsáveis pela segurança pública, apesar de que o problema da segurança é de todos. A questão colocada em debate é: nosso município tem disponibilidade financeira para arcar com o projeto político de Waldir Soares?
                Na disputa o discurso do candidato Iris Rezende aposta na experiência administrativa, conforme matéria veiculada nesse conceituado jornal. A ideia de que é preciso ter uma bagagem administrativa antes de se aventurar pelos caminhos incertos de cuidar daquilo que é de todos parece uma premissa válida, promissora e eficaz, pois as palavras não são senão vento, um barulho de asas que se tem dificuldade de escutar ao longo da história, mas as práticas e ações sociais permanecem.
                Contudo, o grande problema para candidatos como Iris Rezende é: como superar o mal-estar, o descontentamento, a revolta da população cuja saúde, educação, lazer são precários e a identidade dos responsáveis por essa condição insustentável está associada aos velhos coronéis da política.
                 Finalmente, deve-se pensar que Goiás merece uma política progressiva com discursos coerentes. É preciso realizar uma análise geral das práticas políticas realizadas até agora, a começar pelas terceirizações, cargos comissionados, desvalorização do servidor público e principalmente a  má gestão da coisa pública.

Elizabeth Venâncio
Filósofa, mestranda em Comunicação pela UFG

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